Tudo isso pra dizer: fui à editora pegar o meu primeiro livro
Uma noite de pesadelos. Ansiedade. Fico assim, sempre sempre, em
dias que antecedem grandes passos meus. Pular uma casa, adentrar selvas – como novidade
– é impulso, a vida necessita e insanidades boas: tipo um corpo sendo jogado de
um telhado só pra sentir o vento no rosto.
Caminhei com um som bom nos ouvidos, com um sorriso leve e olhos
fartos, acesos, andar contínuo e dedos batendo na coxa, no ritmo das batidas da
música. Tudo lembrou muito os sábados e domingos de antigamente, quando minha
mãe nos prometia e nos levava à praia (a mim e aos meus irmãos) praia – e,
junto dessa lembrança, é inevitável e preciso lembrar de Clarice relatando os
banhos de mar em Olinda: madrugadas, bondes, querência, ansiedades e uma
felicidade tão grandiosa que parecia redundante.
Assim fui eu, caminhando por entre a rua asfaltada, sol quente e um
gosto bom na boca, assim fui, indo! tudo parecia uma espécie de vingança boa –
e é justamente assim que tenho nomenclaturado (se essa palavra existir, ou não,
foda-se!) os instantes – tipo Uma Turman em Kill Bill, saca?
Ir a uma editora, pegar o seu primeiro livro nos braços, é de um
contentamento radioso que faz até chorar. Sigo acreditando, mesmo aos trancos e
barrancos e quedas feias, que a poesia é possível, possível e extrema para além
da razão, entende?
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