Texto confissão para Matilde Campilho
dias antes do meu aniversário de 27 anos (que foi ontem) fiz
download da voz de Matilde Campilho lendo os seus poemas – os mesmos que já me
acompanhavam há um ano. Baixei os áudios e pus no celular no formato mp3. Agora,
transformou-se numa espécie de ritual: todas as manhãs, quando saio pra
trabalhar, os coloco nos ouvidos e saio pela rua em direção ao ponto de ônibus
mais próximo. A rua ainda está pouco povoada, apenas alguns transeuntes se
exercitando e outros poucos apressados com medo de perder o ônibus pro trabalho
– aqui em Maceió o trânsito é um caos. Além das poucas pessoas em silêncio, o sol
começando a ficar quentinho e esbanjar a sua maestria em amarelo; sigo andando
com a poesia lida nos ouvidos e isso compõe as primeiras imagens vivas e
coloridas do começo do meu dia. Então, consequentemente, ele transforma-se, por
inteiro, em algo bonito que me acolhe. daí questiono: ter 27 anos é uma idade
muito bonita que começa a dar sinal disso já na ressaca pós aniversário ou a
poesia provando o meu possível salvamento enquanto ser, em alto mar de selva,
novamente?
p.s. e agora, para além das perguntas e o suco de goiaba com leite
que degusto enquanto escrevo isto, ao som de explosion in the sky, sigo na
dúvida se deixo ou não mais uma msg, via facebook, para ela, Matilde Campilho,
meu último e arrebatador amor conhecido em termo de poesia.
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