terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

Creio que beijo é vontade, desde sempre. E se eu me entrego ao outro pra ser beijado, quero que ele devolva na mesma moeda, “ou toca ou não toca!”. Mas estávamos em festa e nelas muitas coisas podem acontecer, Magno, deixa de bobagem, né? Pra fechar o ciclo do carnaval, preciso desabafar: ser beijado por alguém que julga reparar algum tipo de erro, ou sei lá o quê, ao te incitar a cometer esse ato, é uma desgraça que ecoa por dias na cabeça da gente. Pior de tudo, quando esse alguém é amigo, é próximo de você e dos seus. Naquela segunda feira eu precisei explodir e vomitar literalmente pequenos pesos que habitavam por dentro. Quase todos foram embora, mas esse do beijo, ficou. E mesmo após o fim do melhor carnaval de todos, ele ainda persiste porque, inevitavelmente, pra mim, beijo é envolvimento mas sem vontade é covardia, esteja você bêbado, cheirado, ou simplesmente fingindo todos esses estados. Mesmo drogado, sob o efeito de qualquer substância, seja autêntico, meu amigo! Beijar e depois escutar certezas do tipo “consegui reparar erros?” é, no mínimo dizer pra ti: ó, panaca, vou te beijar pra que você não fique se achando um idiota ou é um beijo, ou melhor, apenas encostar os meus lábios nos teus pra que eu não me sinta mal. Ah, Magno, mas tu só estás culpando o outro, você não o beijou também? É, sim, beijei, mas foi antes de eu acreditar que era espontaneidade e não deslize. Se você me pede um beijo e em seguida fala asneiras tentando justificar a sua não vontade ao me beijar, ó, eu prefiro que você me dê um soco no estômago, vou receber de uma forma menos densa. Mas senão, tá aí a possibilidade de ficar pior que toda a rua com todos aquelas pessoas que saíram de lá tristes pelo fim do carnaval, sentidos pelas paixões que foram deixadas juntos aos confetes no chão, ou ainda, o tesão que vai esperar ser desaguado, quiçá, somente no ano que vem, caso o parceiro x ou y seja encontrado no mar de gente e seus improváveis encontros e desencontros.

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