quinta-feira, 26 de março de 2015

querer ser outro frequentemente é como um cisco no olho: vermelhidão & ardência. uma coceira na pele: rasgo dos poros, desvios dos pelos, pequenas gotas de sangue. romper tendões; torcer o pé num buraco na calçada; morder de língua; garganta inflamada com pus. o peso de uma baleia na perna direita e um coração a mais no braço esquerdo: excruciante!

eu, cansado de ser eu, às vezes me assusto no sono – e fora dele – com medo de desgostar daquilo que sou. de supetão, gritos e mão se debatendo; assusta o amour ao meu lado, assusta a mim quando sozinho no espaço da cama. eu-composto de densidades e anseios, de fome e observação, bulimia poética, tropeços, a vida vai e vem na fotografia de uma concha do mar e seu formato pré-histórico, o choro preso do poema sobre  pedras e portas escrito na polônia. do espaço ente mim e o vento entrando pela fresta da janela do quarto azul marinho, com ágata e patuás, com flores de papel, com livros de ana cristina césar; mellon collie and the infinite sadness ocupando espaços e uma vontade para além da razão emocional de comer batata frita por agora.

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