querer ser outro
frequentemente é como um cisco no olho: vermelhidão & ardência. uma coceira
na pele: rasgo dos poros, desvios dos pelos, pequenas gotas de sangue. romper
tendões; torcer o pé num buraco na calçada; morder de língua; garganta
inflamada com pus. o peso de uma baleia na perna direita e um coração a mais no
braço esquerdo: excruciante!
eu, cansado de ser
eu, às vezes me assusto no sono – e fora dele – com medo de desgostar daquilo
que sou. de supetão, gritos e mão se debatendo; assusta o amour ao meu lado,
assusta a mim quando sozinho no espaço da cama. eu-composto de densidades e
anseios, de fome e observação, bulimia poética, tropeços, a vida vai e vem na
fotografia de uma concha do mar e seu formato pré-histórico, o choro preso do
poema sobre pedras e portas escrito na
polônia. do espaço ente mim e o vento entrando pela fresta da janela do quarto
azul marinho, com ágata e patuás, com flores de papel, com livros de ana
cristina césar; mellon collie and the infinite sadness ocupando espaços e uma vontade para além da razão emocional de comer batata frita por agora.
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