terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

Hoje saio pro trabalho, pela manhã, com o meu cabelo de sempre (blackpower, volumoso, armado!), calça jeans preta, camisa branca, mochila nas costas, sapato azul marinho, comum.
Agora à tarde, minha mãe relata que o meu irmão comentou que uma mulher ficou me olhando, talvez desaprovando, achando estranho tudo aquilo: ser eu!
Discutimos! ela novamente me vem impor o corte de cabelo tradicional, dos padrões, do que é correto, aceito, “normal”, quase 30 laudas de projeto político pedagógico, sermão da montanha, políticas públicas. E mesmo me conhecendo há 26 anos e 9 meses, se eu pular fora da linha, não estarei agindo certo. Se eu não provar que sou igual a todos, me conhecer tão bem não terá tanta relevância (?). Isso entristece. Ser o que sou do jeito que sou parece não poder ser.
Gritei! Creio que algumas pessoas escutaram. Somente uma defesa da minha parte, sem agressão. Eu só quero ser quem ou o que eu sou, mesmo ainda estando numa eterna busca por explicação do que é ser. Mas não adianta, há ignorâncias o suficiente pra haver atropelos, imposições e desaprovações, independentemente do bem que tento fazer, da poesia que é a minha vida secreta, do cagar e já estar aprendendo a limpar o meu próprio rabo. Porém nada disso importa se saio de casa vestido ou sendo cada vez mais eu, não adianta se me olharem estranho, desaprovando, rindo de forma covarde – por apenas expor uma carapaça que pode ser jogada na máquina de lavar horas depois de usada.
Entristece! Principalmente por saber que, boa parte daquilo que condeno lá fora, me pega aqui dentro de casa de forma certeira. Talvez eu seja fraco. Talvez aqui não mais seja o meu lugar. Eu sou mais do que as aparências, talvez essa seja a única certeza.
Então, com mais certezas me vem clarice, lori, Ulisses provando que “ser-se o que se é, era grande demais e incontrolável.”

E há calma – novamente!

Um comentário:

Flávio Ferreira disse...

interessante... identifiquei!
tentei mandar email mas não consigo. Ele volta! :\