Estive pensando cá com minha bagunça interior: eu comecei a ler e a
escrever, lá no começo do ensino médio, pra tentar ser bom em alguma coisa,
poder me orgulhar de algo bem feito que eu poderia fazer (e no fundo, eu sabia
que poderia me orgulhar disso tudo um dia – como já tem acontecido). Mas no
fundo, o lance de me fazer alguém melhor (claro, aliado à poesia e essa
sensibilidade crescente em mim todos os dias) está o fato do amor em dose de
permanência. Eu viajo, fujo de mim, passo dias na folia de Momo com cerveja na
mão (correndo das brigas ao redor, em pé nos ônibus cheios com pessoas catando
músicas bizarras, tomando chuva, ficando bêbado, mijando nos cantinhos das
paredes, sol escaldante, tomando pouca água, com medo de cagar nas calças,
perder o sapato) e até, entre a escrita de um poema aqui e ali, projetado como
consequência de alguma imagem vista nos lugares por onde passei, estive eu
pensando no amor que carrego no peito, um misto de saudade, energias boas
emanadas do eu a km de distância física para você (e ela, e ela de 4 patas). O desejo
de te ter comigo foi (e é) tão frequente que sorria ao imaginarmos juntos no meio
da 13 de maio sujando os pés de lama e urina alheia, comendo churrasco de
procedência duvidosa, contando os centavos pra mais álcool e rindo – em demasia
constante – com os amigos que estavam do lado, conectados na mesma sintonia. Amar
faz de mim um bicho menos estranho e mais classificável, e isso é incrivelmente
bom.
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