Finalizando com
soluços e onomatopéias
Recentemente eu recebi uma carta num papel vermelho bonito,
com todo o cuidado e delicadezas em letras circulares de um bem que não cabe no
peito. No meu.
Quando abri o envelope, engasguei. Não soube me expressar
em palavras, então, solucei. Enquanto o remetente tomava banho, o destinatário,
atento às letras circulares, brevemente soluçou algum protótipo de palavra e
água nos olhos. A isso os mortais atribuem o nome de emoção - para vocês, ETs que
também leem aqui, essas desimportâncias poéticas que jogo às vezes.
Agora, dentro de um livro que a aquece, a carta descansa o
peso do significado de suas linhas circulares. Volta e meia é relida e
encostada no peito (seria essa atitude descrita, emocionalmente pelos humanos,
como Mimese ou Osmose?). Antes e agora,
o destinatário vibra de um contentamento sem fim e sem sim, ainda escolhendo as
palavras e a melhor caneta para poder retrucar, porque só sabe viver nessa
linha tênue chamada reciprocidade do estado-já. É como um estalo, uma pequena
explosão (tipo as presentes naquela hora estrelar clariceana). Tiro no peito:
bum bum bum: morte de poesia. Fuu-u-uuuu: vento da boca entreaberta no pescoço
de barba do carinho em grau ínfimo. Tuuuuu: pupila dilatando de querência do
presente. soluço: amour: já.
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