terça-feira, 25 de junho de 2013

Finalizando com soluços e onomatopéias

Recentemente eu recebi uma carta num papel vermelho bonito, com todo o cuidado e delicadezas em letras circulares de um bem que não cabe no peito. No meu.
Quando abri o envelope, engasguei. Não soube me expressar em palavras, então, solucei. Enquanto o remetente tomava banho, o destinatário, atento às letras circulares, brevemente soluçou algum protótipo de palavra e água nos olhos. A isso os mortais atribuem o nome de emoção - para vocês, ETs que também leem aqui, essas desimportâncias poéticas que jogo às vezes.

Agora, dentro de um livro que a aquece, a carta descansa o peso do significado de suas linhas circulares. Volta e meia é relida e encostada no peito (seria essa atitude descrita, emocionalmente pelos humanos, como Mimese ou Osmose?).  Antes e agora, o destinatário vibra de um contentamento sem fim e sem sim, ainda escolhendo as palavras e a melhor caneta para poder retrucar, porque só sabe viver nessa linha tênue chamada reciprocidade do estado-já. É como um estalo, uma pequena explosão (tipo as presentes naquela hora estrelar clariceana). Tiro no peito: bum bum bum: morte de poesia. Fuu-u-uuuu: vento da boca entreaberta no pescoço de barba do carinho em grau ínfimo. Tuuuuu: pupila dilatando de querência do presente. soluço: amour: já.

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