segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013


E seguiram a falar por horas. A conversa já atingira quase 1km. Estavam à flor da pele. Assim o eram e  seriam, apesar de qualquer mudança no cotidiano.

- estou lendo Cem anos de solidão. Numa parte é descrito que choveu durantes quatro anos, onze meses e dois dias.
- “Magia não existe!”, tampouco você é um personagem do realismo fantástico.
- eu queria te dizer uma coisa desde ontem, mas só agora tomei coragem. Ele abriu a boca e falou em disparato como mãos digitando uma carta de sufoco. Eu às vezes odeio ter a certeza do que você se transformou por consequência do(s) amor(es) outro(s). Mas não te condeno, de amour sei bem, sei também dos seus riscos e contatos e consequências. Essas são as piores, dilatam-se no peito. Uns viram monstros outros desistem. Você é um caso raro, és um monstro que desiste mensalmente. Uma mutação.

Em seguida saiu, foi ao banheiro escovar os dentes. Olhou-se no espelho, sofria de verdade. Apagou a luz. E começou a chover por inteiro.

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