quarta-feira, 8 de agosto de 2012


Escombro

Ontem vomitei a palavra grandiloquência.
Vendo-a no chão, sozinha, pedindo arrego
perguntei se não gostaria de seguir comigo:
Ficaríamos sozinhos juntos.
Apanhei, letra por letra do chão, e fui engolindo devagar.
Grandiloquência pensa ser dona do mundo:
Ela não sabe se vai ou se fica -
se estrangula ou se finca.
Detém de uma bipolariadade surpreendentemente inquieta:
agora tá gritando pra sair novamente.
Coitado, há anos que não tenho estômago pra mim
O que farei com essa gravidez de excessos,
caos debatendo-se com suas oito patas
no escuro de dentro,
Já que apenas vomitar não basta?
Queria eu saber me vomitar
ou ter segundas e terceiras chances.
- Nada de indigestão ou brincadeiras com a bili, mocinha!
Amanhã eu só quero acordar outro,
não importando a matéria do escombro
que versará estômago, sinfonia e coração.

2 comentários:

Larissa Bontempi disse...

" Queria eu saber me vomitar
ou ter segundas e terceiras chances."

ah, acontece muito por aqui tambem.

Bruna disse...

ah, me identifiquei com os acessos de bipolaridade. E com essa vontade de poder me descartar após um dia ruim e acordar renovada no outro. Lindo poema =)