terça-feira, 30 de setembro de 2014

quase sempre às sextas feiras eu encontro com as galinhas no meio do caminho – aquelas que já citei por aqui, outrora. E, inevitavelmente, como uma “sacada” do destino, elas “gritam” ao me notarem passar. Elas gritam clamando por um socorro que não vai chegar, a morte é algo real e, em minutos, terão suas cabeças degoladas e, no fundo, sabem disso. O prólogo é o sufoco claustrofóbico iniciado numa caixa de plástico em que são enfiadas, de qualquer jeito, 10 galinhas, quando na verdade o espaço só suporta 4. Eu sigo caminhando, tapando os ouvidos e olhos, concentrando-me nos buracos no chão, nos concretos aleatoriamente dispostos nas calçadas, os desconhecidos que caminham para o ponto de ônibus, na senhora que, às 6h37’, está expondo os seus bolos de banana na porta de casa – e os mesmos não serão partidos, tampouco uma fatia micro, até, ao menos, no final da manhã, horário em que passo pelo mesmo trajeto para voltar pra casa. A vida vai seguindo, eu adentrando à sala de aula para expor, por vezes, o meu já cansaço: que vai de mim para o outro e/ou vice versa. No balaio de todas essas informações concluo que sou o seu maior predador e ao passo em que me sensibilizo com os gritos das galinhas, me sinto uma delas, preso num caixote, cheirando mal, prestes a ser comido pelo outro. Chegando em casa, há sempre um pedaço delas pra comer. E eu como.

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