quase sempre às sextas feiras eu encontro com as galinhas no meio
do caminho – aquelas que já citei por aqui, outrora. E, inevitavelmente, como
uma “sacada” do destino, elas “gritam” ao me notarem passar. Elas gritam
clamando por um socorro que não vai chegar, a morte é algo real e, em minutos,
terão suas cabeças degoladas e, no fundo, sabem disso. O prólogo é o sufoco
claustrofóbico iniciado numa caixa de plástico em que são enfiadas, de qualquer
jeito, 10 galinhas, quando na verdade o espaço só suporta 4. Eu sigo
caminhando, tapando os ouvidos e olhos, concentrando-me nos buracos no chão,
nos concretos aleatoriamente dispostos nas calçadas, os desconhecidos que
caminham para o ponto de ônibus, na senhora que, às 6h37’, está expondo os seus
bolos de banana na porta de casa – e os mesmos não serão partidos, tampouco uma
fatia micro, até, ao menos, no final da manhã, horário em que passo pelo mesmo
trajeto para voltar pra casa. A vida vai seguindo, eu adentrando à sala de aula
para expor, por vezes, o meu já cansaço: que vai de mim para o outro e/ou vice
versa. No balaio de todas essas informações concluo que sou o seu maior
predador e ao passo em que me sensibilizo com os gritos das galinhas, me sinto
uma delas, preso num caixote, cheirando mal, prestes a ser comido pelo outro. Chegando
em casa, há sempre um pedaço delas pra comer. E eu como.
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