sábado, 22 de março de 2014

Quase desconexão entre as partes mal escritas e desanimadas

O perigo de um sábado à noite está no não dito, não tocado, desejado e não executado. Está no permitir a cabeça rodar como se estivesse num filme do Gaspar Noe com todas as suas entorpecências e loucuras perigosas de cortar a pele, de sangrar, pular dos lugares altos, dar fim a carne. Hoje eu deveria ter me roubado, me batido, me sequestrado, quem sabe com a mudança da realidade não monótona do espaço-quarto, haveria um tantinho de emoção. Parei de ser no começo da manhã e só fui retrocedendo.
...
Eu estou morrendo pras coisas e nem cheguei a completar 27 anos como alguns dos heróis que morreram com essa idade. A minha pressa pra vida é de uma urgência grandiosa.
...

Por aqui os meus olhos pesam bem mais que há tempos atrás. A cada idade nova, o acréscimo de mais 3 a 4kg. As minhas vontades gritam suplicando acontecimentos, mas sei também que o tempo não anda favorecendo muito. E que não só depende do meu mergulho: os dias precisam, cronologicamente, acontecer como sempre foi e nada será mudado pela minha fome que aperta. Então eu fico aqui, meio parado, nada sonolento e com um pouco de música nos ouvidos, ou por vezes, roendo as unhas até chegar na carne, sentir o gosto de sangue na boca e ter a certeza que algo real ainda acontece com gosto de vida. Eu sofro de uma espécie de maldição dos meus ancestrais ou será que esse peso no peito (de sempre e sempre e sempre e sempre e sempre e sempre e sempre e sempre e sempre) foi um erro de nascença? “eu não soube nascer, eu nasci errado”. E, por consequência, sofro de febre nos olhos e amo com força e fúria como se o amor fosse me salvar de algo, fosse consertar a minha bagunça de dentro, fosse reparar o erro e o peso de nascer errado. Sou um bicho inflamado.

Nenhum comentário: