sexta-feira, 28 de dezembro de 2012


Pararam na beirada da janela. Estavam no 4º andar. Cair dali seria instantâneo. Dez minutos depois saiu da copa da parede de vidro, foi pegar uma coca cola – até porque a tontura e um certo asco de lugares altos, batiam com frequência. O outro lá ficou, olhando o céu noturno que lhe falava uma espécie de confissão arredia, dessas que a gente não segura na boca, as palavras vão saindo feito soluços. Olhava a cor do silêncio, cheirava as estrelas do futuro ano-luz. Concluiu ali mesmo o motivo principal de sempre ter admirado as janelas dos edifícios por onde andara. Mas preferiu estancar a velocidade dos pensamentos e pedi um copo com 2 dedos de vodka com gelo. então eu Pedi. No intervalo entre a entrega do copo e o fitar intensamente os olhos do outro projetando uma linha reta de infinito, pensou, entreabriu a boca e quase soluçou, mas não quis dizer nada pelo menos ali. Com o copo na mão, começa a tocar na sala do apartamento Por El Amor De Amar (Necesito Amor) da cantora de voz metálica da Espanha. A noite ia terminar numa mistura de lençóis, prosa e poesia, era a certeza que cercava entre paus endurecendo lentamente por dentro da calça.
-Buika, tu conheces? Trilha sonora daquele filme de Almodóvar.
- Vem
vamos ali,
pego na tua mão,
pulemos juntos
do precipício
que é
a solidão.

Nenhum comentário: