domingo, 10 de junho de 2012


3 dizeres (experimentação diabólica para exercícios de leitura e expressão corporal)

Dobraduras
Meu esqueleto é meu! Minhas articulações permitem-me movimentar o conhecimento de mudo ao virar uma página de livro, levantar os olhos: ver a lua. Mastigar e engolir as tuas vibrações. Meus pés gelados caminham por entre o teu corpo e assim, transcendo.

Papilas gustativas consonantais
Diafragma. Encho e seco-me esporadicamente feito um balão festivo de cor fria. Encolho-me, solto. Sou semente viva que instantaneamente ganha status de árvore que dá frutos e alimenta outrem.  Metamorfoseando, após estado de árvore, viro bicho de olhar pausado, observador, movimento violento e acolhedor dos vários pés, mãos e consciências ao meu redor. Luz do teto, sol mimético, sobrevivo de urgências e fotossínteses da poesia que trago. Invento memórias, durmo no chão e como consequência, o artista enquanto coisa me acolhe em seu colo de poeta do desdizer. Renovador de homens usando apenas borboletas.
Absconditamente grito em movimentos de ave prolongada: “o corpo reinventa a palavra”.


Caminho. Ocupo lugares. Encontro pares. Estendo a mão. E “diante de mim” crio um espetáculo de palavras vivas faço e sou eco dos outros. Enquanto o outro me olha, alço voo e diante das palavras distribuídas, experimento, desperto prazeres, leituras e literaturas. Corpo, voz, posição e foco, dissipam-se no horizonte. Novamente encolho-me, dissipo-me, alço voo pra ter a certeza do meu pedido de perdão porque “não aguento ser apenas um sujeito que abre portas,
que puxa válvulas, que olha o relógio,
que compra pão às 6 horas da tarde...
preciso ser outros” com um caráter de urgência que queima a pele.

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