terça-feira, 10 de abril de 2012

Entalo
- Nunca li em voz alta, não repara se atrofiar em algum momento, passagem, vírgulas, dois pontos! Tenho voz abafada, leio e sou pra dentro, por isso o piscar de olhos, para respiração. O universo ao meu redor é interno, os sonhos, as cores, tudo pra dentro. Se não tocar, abre a boca que no ato eu paro, retrocedo e te beijo.
- meus olhos e saliva! Taça de vinho. Porta dos olhos. Soco. Saliva no canto da boca, nas pontas dos dedos.
- de doer, vibro-me. Espalho-me, afundo-me nos olhos: taça de vinho, beijo no pescoço. Fundir-me-ei em tu peito de carne quente e palavras inerentes a minha lenta digestão sentimental. Etério, ávido, espalho-me nas entrelinhas de sua língua falada pau-sa-da-men-te. Eu evito falar, sussurros apenas em tom amarelo-cinza. Desejo que arde. Descontrole das rimas. Não sei se decassílabos heróicos, sáficos. Intransigentes, instigantes, inefável.
- Ate agora esperando que a boca deixe caminhar alguma palavra. Engasgo.

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