quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Caos na semiótica: jogaram no mundo um louco-angustiado que tem pressa em respirar. Desculpa mãe, mas já falei várias vezes pra você. Não é tão assustador nem melodramático quanto o fato de “será num domingo que eu irei me matar!”, como, repetidas vezes afirmei. A coisa agora, querendo ou não, é mais complicada. Qualquer um pode se matar, claro, mas não é qualquer um que consegue e sabe viver. Eu, por exemplo, sinto, todos os dias, que talvez viva ao contrário. Não em retrocesso,  mas ao contrário, entende? Parece que fui entregue em casa com um manual de instruções escrito em mandarim, dentro de uma caixa violada.
Desculpa mãe, mas é verdade: sou, semioticamente falando, de fundo zero e de sentido falho, inexistente, incolor. Na verdade, sentidos. Não sou porra nenhuma grafado no singular, é só plural, só plural nessa merda de livro de regras, de dias, de dias. Não sou exceção.  Portanto, não fique brava quando me ler, o seu filhinho mais novo é um monstro com tentáculos! Agora mesmo você estava assistindo, junto comigo,  a um filme sobre as tão famosas mulheres e cores de Almodóvar.  O sono não deixou, fostes deitar sem descobrir o motivo de “tudo sobre mi madre”. Acreditas mesmo que eu ainda estou vendo filmes na TV? (às vezes teimo em fazer diferente, saindo do quadrado) Não, mãe, são 03h 20min. estou sem sono,  estou dentro do quarto escrevendo alguma coisa que você jamais lerá porque os tentáculos que tenho por dentro estão inquietos, e sempre que isso acontece, sofro mutações severas, do tipo: tenho a obrigação de salvar alguma coisa importante que ainda não descobri o que é.

Um comentário:

Pseudokane3 disse...

Este drama filial é compartilhado aqui do meu lado... O nordeste em nós, a alma agreste e apaixonada de que falou o Graciliano Ramos, ai ai...

Prazer em te reler!

WPC>