quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

pular pra fora do meu corpo, adentrando as fotografias dos teus olhos num só mergulho. deixo, pela porta da frente, corpo-matéria-meu e sigo, vivendo pra sempre de cores, focos e meninas que às vezes se escondem da vista do próprio dono. Elas são assim, negras e de presença marcante...

(cabeça cheia, cheia... não deu pra terminar o texto, desculpa. estava ficando bom, mas agora, pra poder continuar eu preciso encontrar as minhas meninas que se perderam nesta noite-madrugada longa. Mal nasceu e já se concretiza como longa, difícil, desvairada, absurdamente incomodável... nem sono, só sede, querência louca de um abraço de carne, de um beijo no pescoço, de um filme no cinema, de um chá com açúcar e afeto. Enfim, discursei e nada de encontrar as meninas. as presentes no quarto, só as do meu cão, que me olha com um olhar de pena como se soubesse de verdade as coisas-monstros que sinto - e não duvido que saiba! Afinal está dentro do meu-quarto-calvário. Sabe das minhas aflições, das minhas músicas, das páginas que grifo, da minha verdade de carne, osso e poesia suja; de como sou por dentro de fato. Tarefa que "alguns" chegaram perto de adivinhar-entender-deduzir e disseram "oi, sei disso porque já senti assim, ou sinto assim: constância, latência, mudança abrupta de carne morna para carne morta. Fica tranquilo, comigo o seu segredo está guardado, eu até sinto vontade de vomitar quando tomo um susto! Tá vendo só, parecidos, não é?!" e, deveras, um contentamento desmorona (deixo livre para grifarem plural), escorrendo feito um liquidozinho claro e lívido nos poros de minha parede facial.
Já tomei água, escovei os dentes, fiquei só de cueca, andei pelo quarto, guardei os livros; todo o ritual de todas as noites-em casa, à espera da chegada do sono a me nocautear em cheio e só me dizer "olá" nas próximas 12, 13, 14, 15, 16, 17 horas que estão por vir. Meu cão pegou carona no sono calmo, me esqueceu, disse pra si mesmo que o mais importante era pegar no sono - e novamente, há certeza! Vou apagar a luz, engolir a saliva a seco, fazendo aquele barulhinho na garganta, pôr a mão no peito, sentir o coração batendo, me acalmar de alguma forma. Deitar na cama e viver todas as partes da solidão que o barulho do ventilador, junto com o tocar das pálpebras inconstantes, podem oferecer).

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