terça-feira, 27 de dezembro de 2011


Comprei um livro de Emily Dickinson - poemas escolhidos -  é, aquela mesma, amada por Sophia Zawistowska. Já me disseram que não é de uma boa tradução, mas confesso que ando sentindo, aqui e acolá, uns versinhos. Sei das poesias incríveis, já li algumas na internet e me espantei com tamanha delicadeza apática de retratar os cortes de dentro em olhares por fora. Vai ser a minha última leitura de 2011, sendo importante pra alguém ou não. Já já volto aqui pra contar do que realmente se trata o livro, pois já o terei acabado... na verdade eu queria falar de Clarice Lispector, porque, ainda agora, vi uns vídeos em que Bethânia lia alguns de seus textos. No meio, tinha um texto do água viva, que se não estou enganado foi o trecho que mais me marcou até hoje. Li, reli, reli e custei a acreditar no que estava queimando a minha pele e grudado nos olhos. Doeu mais que um soco na boca do estômago. Foi aí que eu quis trocar a minha facilidade de sentir palavras, com qualquer um que fosse bom nas artes marciais. E deixaria garantias, porque sou bom olhando, fotografando, escrevendo e amando. Trocaria tudo isso pelo o dom de saber socar os outros.
O trecho fala da vontade do amor entre dois com uma magnitude que assusta qualquer um e digo mais, quem não tem a capacidade de sentir esse trecho, não tem sangue por dentro - sendo preconceituoso ou não! Eu, se tivesse coragem, postaria o trecho, mas acontece que é forte demais e eu não tocarei mais nele por hoje - já li e reli 4 vezes só agora, estou queimado. nem sei porque estou falando isso tudo se nem coragem de mostrar o trecho eu tenho. acontece que, por fazer tanto sentido é que não tenho coragem. quando as letras queimam a pele (consequência do veneno do água viva) a gente fica estranho por uns minutos, e bate uma sensação de desconforto que parece ter somente uma moeda velha dentro do espaço grande da lata-cofre. e ao ser balançado, a moeda se manifesta gritando. sendo a lata de carne.
é muita prolixidade pra uma madrugada só....desculpa, seja quem for que um dia lerá este texto, parei um minuto, fui olhar umas fotos de pés e prédios e cachorros. Enfim. onde eu tinha parado mesmo? ah, sim! então, as madrugadas não são lá muito animadas, por isso prefiro deixar em silêncio e ter o trecho como um texto proibido (sabe O Nome da Rosa?) e guardar como um segredo só meu, afinal, todos nós precisamos de segredo pra viver, não é mesmo?


Um comentário:

sabrina menedotti disse...

ai merda
eu tenho um segredo
revelado em mim
na minha causa.
pqp
é foda!