sexta-feira, 29 de abril de 2011

O relógio marca: 02:11. Estou novamente sem sono e sem sede. Escuto Iron and Wine (cinder and smoke), leio Máquina de Pinball, de Clarah Averbuck (só pra comprovar se ela realmente é boa como alguns defendem - mas pelo o que li, ela era ótima enquanto vivida pela gurizinha talentosa chamada Leandra Leal); penso nas pessoas e na calmaria do mundo lá fora.
Roí as unhas o dia inteiro, a do mindinho, até sangrou. Meu dia foi uma merda que beirou o seu grau ínfimo quando chegou a noite e eu realmente me dei conta de que não foi nada produtivo. Vi um filme, vi tv (na verdade só merda na tv) e baixei umas músicas... Hoje em si foi um dia realmente estranho; fico pensando que talvez a chuva tenha provocado essa estranheza, porque nos dias de chuva todo mundo fica bem mais vulnerável a uma espécie de nostalgia crônica ou a um corpo quente que, de algum lugar do mundo, chama o nosso nome. Pois bem, comigo não foi diferente. E, além desses agravantes, eu ainda contei com a montanha russa que se encontrava na minha cabeça hoje. A sensação era a de estar rodando em direção e sentido a lugar nenhum.
Meu corpo anda explodindo de emoções perigosamente sentíveis e pensamentos que precisam voar mais alto que gaivotas beirando o mar. Há um excesso de pluralidades passíveis e arredias, emocionalmente por dentro da carne, e, quando penso que posso a qualquer momento gritar o mais alto que poderei, breco no mesmo minuto. Calo e paro.
Hoje eu também estive sem paciência e precisava de um espaço só meu. Desejei como um viciado, mais um livro de Caio Fernando Abreu. Fico realmente abismado com a minha capacidade de desejar as coisas, até nisso sou a porra mais intensa do mundo. Não trato como futilidade, e o verbo "desejar" não foi meramente descrito para simbolizar que sou um louco por compras, não, não foi! Na verdade quis ser bem radical com a palavra porque estava me referindo a um livro (Caio 3D, 1990) que tenho querido com muita força. Todo mundo sabe (quem me conhece) que escrita (e leitura), pra mim, é algo desejado com o âmago e que chega a ser até bem chato, repetitivo e cansativo o quanto eu falo nessas duas atividades que me completam e me norteiam. Mas irei repetir o que falei para o meu irmão num dia desses:" amo tanto esses objetos e vivo de escrever, porque é assim que eu sinto o mundo e me torno mais humano pra tudo". E não deixa de ser verdade, é realmente dessa forma. No fundo nunca queria ter adentrado os portões da literatura, mas deve ter sido tudo uma conspiração que acabou me levando até a poesia. E deu no que deu. Estrago, desejo e às vezes lágrimas. Mas o que posso fazer se tudo isso me faz vivo?
Agora, quase meia hora depois das 02:11, repito, incansavelmente a música da banda Iron and Wine, por que me faz tão bem e me deixa mais calmo. Penso que não valeu de nada escrever esse monte de letrinhas e vou voltar para a minha leitura com a sensação de frustração por ainda não ter escrito um livro só meu e só pra mim. Estou com 23 anos e só rascunhos, falta de tempo para correções, um blog-desabafo e vários cadernos embaixo da cama.
Chega! isso não vai levar a nada. Afinal, eu já me perdi no oceano de mim.
Vou fazer chá, esperar o sono chegar e continuar lendo e pensando no corpo que eu queria está tocando nesse frio.
Jã são quase 03:00.
....

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