quinta-feira, 26 de março de 2009

um gênio, simplesmente


“Desde criança tive a tendência para criar em meu torno um mundo fictício, de me cercar de amigos e conhecidos que nunca existiram. (Não sei, bem entendido, se realmente não existiram, ou se sou eu que não existo. Nestas coisas, como em todas, não devemos ser dogmáticos.) Desde que me conheço como aquilo a que chamo eu, me lembro de precisar mentalmente em figuras, movimentos, carácter e história, várias figuras irreais que para mim eram tão visíveis e minhas como as coisas a que chamamos, porventura abusivamente, a vida real. Esta tendência, que me vem desde que me lembro de ser eu, tem-me acompanhado sempre, mudando um pouco o tipo de música com que me encanta, mas não alterando nunca a sua maneira de encantar (...) E assim arranjei, e propaguei, vários amigos e conhecidos que nunca existiram, mas que ainda hoje, a perto de trinta anos de distância, oiço, sinto, vejo. Repito: oiço, sinto, vejo... E tenho saudades deles”

Trecho de uma carta de Fernando Pessoa a Adolfo Casais Monteiro.
-Meus mergulhos agora, estão no mar Fernando Pessoa.

Um comentário:

Su disse...

"Eu sou aquilo que perdi"